Na última década trabalhando com times ágeis, por muito tempo me senti obrigada a estimar com pontos de estória. Felizmente a experiência me mostrou que essa é apenas uma das opções possíveis. Quer saber quais são as outras? Quando usar qual? Continue lendo!

Você achou que porque agora é ágil ia se livrar de dar estimativas! Pois não (na maioria dos casos pelo menos). Estimativas são muito importantes para o sucesso de projetos, sejam eles ágeis ou não, porém são beeem diferentes do que se fazia em projetos geridos de forma mais tradicional.

Mas uma coisa não mudou, quanto menos assertivas as estimativas, mais longe ficamos de atingir a meta e consequentemente, agregar o valor esperado no tempo esperado para nosso time, empresa e principalmente, clientes.

O que são pontos de estória e como é usado?

Pontos de estória é uma unidade de media usada por times ágeis para estimar complexidade e esforço de itens a serem feitos pelo time.

Normalmente é utilizada a sequência de Fibonacci (1, 2, 3, 5, 8, 13, etc) para representar os pontos que podem ser utilizados para estimar. Existe também o símbolo do infinito para representar algo tão complexo que é impossível estimar. Via de regra os times solicitam que itens com esta pontuação sejam quebrados em itens menores, para ser possível estimar.

Para o time começar a utilizar pontos de estória em suas estimativas, é muito importante eles conversarem e alinharem entre sí o que representa um item que vale 2 pontos e 1 ponto. Isso porque as demais estimativas se baseiam nessas definições.

Por exemplo, quando se diz que um item vale 5 pontos, significa que ele é mais que o dobro de complexidade e esforço do que o item que foi combinado que valia 2 pontos. E as demais estimativas seguem dessa forma, sempre fazendo essas comparações, por isso a importância do alinhamento!

Para exemplificar, pense em um time composto só por pessoas com senioridade altíssima e outro time com pessoas júniors. Provavelmente o que seria 2 pontos no primeiro time seria muito mais pontos para o segundo. E isso não é preconceito, é só realidade.

Teoria vs Prática

Em pouco mais de uma década trabalhando com times ágeis, foram pouquíssimos os times que eu vi fazendo este alinhamento inicial sobre o que vale 2 pontos. E apesar de ser algo aparentemente muito simples de ser feito, e até talvez por isso, na maioria das vezes é negligenciado e os times começam a estimar em pontos sem esse alinhamento.

Mas qual o problema disso?

O problema é quando pontos de estória são usados no planejamento de sprints. Enquanto pontos de estória é uma unidade de medida relativa, dinâmica e abstrata, sprints, por serem ciclos de tempo muito curtos (até 1 mês segundo o Scrum Guide, mas de até duas semanas segundo minha experiência), precisam de mais transparência e assertividade, do contrário o risco de não atingir a meta da sprint aumenta.

Usar pontos de estórias para estimar itens de uma sprint é como usar cachorrinhos para medir a distância entre duas cidades. Existem de vários tamanhos e apesar de ser muito legal e fofo, no fim, vai dar um resultado bem impreciso e difícil de outras pessoas entenderem. Já pensou você falando: “Vou daqui ao Rio de Janeiro, são apenas 1450 cachorros de distância.”

Se você depender disso para planejar quanto irá gastar de combustível por exemplo, pode “morrer na praia”. Tanto para distância como para estimar itens de uma sprint, existem outras unidades de medidas bem mais apropriadas.

Como estimar então?

Story points are a useful long-term measure, but not useful in the short term.
– Mike Cohn

Mike Cohn, criador do termo pontos de estória (do inglês Story Points) e autor do livro Agile Estimating and Planning (2006), diz que pontos de estória são ótimos para release plannings, que são planejamentos de médio a longo prazo. Para planejamentos de curto prazo, que é o caso de sprints no Scrum, ele recomenda dias ou horas “ideais”, que nada mais é do que um dia (ou hora) de trabalho sem interrupções, por ser mais exata, controlável e administrável.

Ou seja, estimar com 1, 2, 3 ou 5 dias, é perfeitamente ok e “ágil”. De quebra você ganha uma estimativa mais assertiva e que todo mundo entende - agrega transparência - dentro e fora do time.

Na minha experiência, estimar itens da sprint em dias foi o que trouxe os melhores resultados. Com isso eu quero dizer, mais sprints onde a meta era atingida e todos os itens puxados finalizados dentro do tempo da sprint.

Por muito tempo eu mesma fiz questão de usar pontos de estória no planejamento de sprints. Era o que parecia mais “correto” e “ágil” de se fazer. Qualquer coisa diferente parecia que não estávamos sendo “ágeis”. Depois fui conhecendo e experimentando outras formas e percebendo que não era algo “errado” e que tudo bem usar dias por exemplo, se os resultados são melhores.

O próprio Mike Cohn percebeu que a mensagem do livro foi mal compreendida e que o propósito de pontos de estória foi sendo distorcido com o tempo. Para tentar consertar, ele escreveu alguns posts em seu blog, vale muito a leitura (em inglês):

Conclusão

Você também torcia (ou ainda torce) o nariz ao estimar com pontos de estória? Se sente obrigado a usar porque acha que se não fizer assim não está sendo “ágil”? Fique tranquilo e tranquila meus queridos padauãs da agilidade, você não está sozinho!

Você é livre para mudar o que não estiver trazendo bons resultados, isso é ser ágil! Agora… se você estima usando pontos de estória e seu time está voando, também não se sinta obrigado a mudar, o que importa são os resultados! Se você faz parte desse último grupo, conta pra mim sua história, quero saber! =`]

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